#500 VICIOSO [2002]
Poema lembra amor, que lembra carta,
que lembra longe, e longe lembra mar,
que lembra sal, e sal lembra dosar,
que lembra mão, e mão alguém que parta.
Partir lembra fatia e mesa farta;
fartura lembra sobra, e sobra dar;
dar lembra Deus, e Deus lembra adiar,
que lembra carnaval, que lembra quarta.
A quarta lembra três, que lembra fé;
fé lembra renascer, que lembra gema,
a gema lembra bolo, e este o café.
Café lembra Brasil, que lembra um lema:
progresso lembra andar, que lembra pé,
e pé recorda alguém que faz poema.
NOTA 2: Conforme comentário no sítio pessoal de GM, o soneto é um dos mais perfeitos exemplos
daquilo que o autor classifica como "barrockismo", ou seja, o malabarismo formal a serviço dos paradoxos (contra)culturais,
conciliando o perfil psicológico do poeta podólatra com a brasilidade contrastiva e pluralista.
O círculo vicioso, no qual o poema desencadeia um eterno retorno a si mesmo, pode representar tanto o vício fetichista
do autor quanto os repisados chavões cívicos e sociológicos de sua nacionalidade.
Glauco Mattoso va a ser una presencia inevitable en este blog.
No sólo porque bastaría su obra para hacer un blog monográfico,
sino porque es uno de los mayores y más prolíficos sonetistas.
En próximos-lamentablemente no sistemáticos-posteos,
nos dedicaremos a múltiples aspectos de Glauco: su predilección
por rimas agudas y extrañas-como en los sonetos burlescos de Gregorio de Matos-
su acentuación , su teoría sobre el soneto, expuesta en Geléia de rococó,
y en los mismos sonetos. Sobre dichos aspectos-
para decirlo glaucosianamente- haremos hincapié.
É um de meus poetas prediletos! Reverencio!
ResponderEliminarGlauco é único!Un abrazo.
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