domingo, 28 de febrero de 2010

Webster's Dictionary, Definición de Sonetista

Sonneteer. noun

1. a person who writes sonnets

2. any minor or inferior poet: used contemptuous

viernes, 26 de febrero de 2010

Francisco de Quevedo, Retrato difícil

DIFICULTA EL RETRATAR UNA
GRANDE HERMOSURA, QUE SE LO
HABÍA MANDADO, Y ENSEÑA EL
MODO QUE SÓLO ALCANZA PARA
QUE FUESE POSIBLE

Si quien ha de pintaros ha de veros,
y no es posible sin cegar miraros,
¿Quién será poderoso a retrataros,
sin ofender su vista y ofenderos?

En nieve y rosas quise floreceros;
mas fuera honrar las rosas y agraviaros;
dos luceros por ojos quise daros;
mas ¿cuándo lo soñaron los luceros?

Conocí el imposible en el bosquejo;
mas vuestro espejo a vuestra lumbre propia
aseguró el acierto en su reflejo.

Podráos él retratar sin luz impropia,
siendo vos de vos propria, en el espejo,
original, pintor, pincel y copia.

Versión al ingles de Alix Ingber

PAINTING A GREAT BEAUTY, WHICH
HE WAS ASKED TO DO, IS HARD, AND
HE SHOWS THE ONLY WAY IT MIGHT
BE POSSIBLE

If he who is to paint you is to see you,
but cannot look at you and not go blind,
who then will have the skill to paint your portrait
with no offense to both you and his sight?

I sought to make you bloom in snow and roses;
but this would flatter roses and slight you;
two morning stars for eyes I sought to give you;
but how could stars hope that this could be true?

The sketch told me that it could not be done;
but then your mirror, catching your own glow,
assured it was exact in its reflection.

It renders you without unfitting light;
since you're from you yourself, the mirror holds
original, painter, brush and your perfection.

martes, 23 de febrero de 2010

Franz Liszt, Soneto 104 de Petrarca

Horowitz. Neste vídeo assistimos a uma sua interpretação do Soneto de Petrarca n.º 104, composição romântica de Lizst.



sábado, 20 de febrero de 2010

Gilberto Mendonça Teles, Auto-retrato

Este, que vês, de engodo bem provido,
o meu retrato de arte e puro engenho
é: imagem tão perfeita que não tenho
meu caudaloso engano dividido;

este, que esteve outrora bem rouquenho
no tempo, com seu signo indefinido,
no espelho que ultrapassa o sem-sentido
é trunfo de velhice, que detenho.

Oculto nele e nele transformado,
reflito a luta vã com a linguagem
no leito do poema, conformado.

Assim me desespero e em meu recato
desejo o que desenho — pura imagem
deste, em pedra vertido: meu retrato.

Ana Hatherly, Auto-retrato

Este que vês, de cores desprovido,
o meu retrato sem primores é
e dos falsos temores já despido
em sua luz oculta põe a fé.

Do oculto sentido dolorido,
este que vês, lúcido espelho é
e do passado o grito reduzido,
o estrago oculto pela mão da fé.

Oculto nele e nele convertido
do tempo ido excusa o cruel trato,
que o tempo em tudo apaga o sentido;

E do meu sonho transformado em acto,
do engano do mundo já despido,
este que vês, é o meu retrato.

Ana Hatherly es, seguramente, la mayor figura poética de Portugal. Nacida en 1929 en Porto, comenzó a publicar en 1958. Además de trece libros de poesía, ha incursionado en la narrativa y el ensayo. Su revalorización de la poesía visual portuguesa de los siglos 16 y 17 como así también de la poesía experimental del siglo XX, la ubican en un plano teórico insoslayable, tanto por la agudeza interpretativa como por la exhaustividad en la investigación.
Incluimos este soneto, que sigue una conocida línea barroca-y post-barroca- de paráfrasis y homenaje. Esperamos también que esto mínimamente mueva, entre los hispanoparlantes que frecuentan la poesía portuguesa, a descubrir esta genial escritora que es Ana Hatherly.

Soror Violante do Céu, A uma caveira pintada em um painel que foi retrato

In Ictu Oculi, 1672, por Valdés Leal.

Este que vês de sombras colorido
E invejas deu na Primavera às flores,
Do pincel transformados os primores,
Desengano horroroso é do sentido.

Ídolo foi do engano pretendido,
A que cega ilusão votou louvores,
Estrago já do tempo, e seus rigores,
O que então foi, ao que é já reduzido.

Foi um vão artifício do cuidado,
Foi luz exposta ao combater do vento,
Emprego dos perigos mal guardado;

Foi nácar reduzido ao macilento
Oculto ali nos medos transformado,
Mortalha a gala, a casa monumento.

Sóror Violante do Céu, Orbe Celeste, 1742
(Parafraseando a Sor Juana Inés de la Cruz)

Sor Juana Inés de la Cruz, A portrait

Alix Ingber, traductora de Sor Juana

She tries to refute the praises
inscribed on her portrait by Truth,
which she calls passion


This, that you see, this colored treachery,
which, by displaying all the charms of art,
with those false syllogisms of its hues
deceptively subverts the sense of sight;

this, in which false praise has vainly sought
to shun the horrors of the passing years,
and conquering of time the cruelty,
to overcome age and oblivion's might,

is a vain artifice cautiously wrought,
is a fragile bloom caught by the wind,
is, to ward off fate, pure uselessness;

is a foolish effort that's gone wrong,
is a weakened zeal, and, rightly seen,
is corpse, is dust, is gloom, is nothingness.

Esta airosa traducción del soneto de Sor Juana es debida al talento de Alix Ingber, profesora de español en el Sweet Briar College. Su página, cuya última actualización data de abril de 2006, invita a colaborar con traducciones y comentarios. http://sonnets.spanish.sbc.edu

Sor Juana Inés de la Cruz, Retrato

Procura desmentir los elogios
que a un retrato de la Poetisa inscribió la verdad,
que llama pasión


Este, que ves, engaño colorido,
que del arte ostentando los primores,
con falsos silogismos de colores
es cauteloso engaño del sentido;

éste, en quien la lisonja ha pretendido
excusar de los años los horrores,
y venciendo del tiempo los rigores,
triunfar de la vejez y del olvido,

es un vano artificio del cuidado,
es una flor al viento delicada,
es un resguardo inútil para el hado;

es una necia diligencia errada,
es un afán caduco y, bien mirado,
es cadáver, es polvo, es sombra, es nada.

Fray Antonio Rabelo o Laurindo das Chagas, Soneto

El cambista y su mujer

Deus pede estrita conta de meu tempo.

E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.

Mas, como dar, sem tempo, tanta conta

Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Para dar minha conta feita a tempo,

O tempo me foi dado, e não fiz conta.

Não quis, sobrando tempo, fazer conta.

Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.

Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,

Não gasteis vosso tempo em passatempo.

Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!

Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,

Quando o tempo chegar, de prestar conta

Chorarão, como eu, o não ter tempo...


Deus pede estrita conta de meu tempo,
É forçoso do tempo já dar conta;
Mas, como dar sem tempo tanta conta,
Eu que gastei sem conta tanto tempo?


Para ter minha conta feita a tempo
Dado me foi bem tempo e não foi conta.
Não quis sobrando tempo fazer conta,
Quero hoje fazer conta e falta tempo.


Oh! vós que tendes tempo sem ter conta
Não gasteis esse tempo em passatempo:
Cuidai enquanto é tempo em fazer conta.


Mas, oh! se os que contam com seu tempo
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não choravam como eu o não ter tempo.

Este soneto lo he visto atribuido en mil lugares a Fray Antonio das Chagas y en otros-como en el Jornal de Poesía- a Laurindo Rabelo. Hasta tanto no vea una fuente confiable, haré un mixtura de los padres putativos de este hermoso soneto; ojalá la incógnita se devele, y disculpen mi ignorancia.

viernes, 19 de febrero de 2010

Luis de Camoens, Mudan-se os tempos

La ventana de Tikal

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.