Este, que vês, de engodo bem provido,
o meu retrato de arte e puro engenho
é: imagem tão perfeita que não tenho
meu caudaloso engano dividido;
este, que esteve outrora bem rouquenho
no tempo, com seu signo indefinido,
no espelho que ultrapassa o sem-sentido
é trunfo de velhice, que detenho.
Oculto nele e nele transformado,
reflito a luta vã com a linguagem
no leito do poema, conformado.
Assim me desespero e em meu recato
desejo o que desenho — pura imagem
deste, em pedra vertido: meu retrato.
o meu retrato de arte e puro engenho
é: imagem tão perfeita que não tenho
meu caudaloso engano dividido;
este, que esteve outrora bem rouquenho
no tempo, com seu signo indefinido,
no espelho que ultrapassa o sem-sentido
é trunfo de velhice, que detenho.
Oculto nele e nele transformado,
reflito a luta vã com a linguagem
no leito do poema, conformado.
Assim me desespero e em meu recato
desejo o que desenho — pura imagem
deste, em pedra vertido: meu retrato.
Muito bom!
ResponderEliminarImortalidade é o sonho humano mais almejado... na poesia provável conseguiu mais... Belíssimo soneto! Seguindo cá...
ResponderEliminarDuplo agradecimento! Estou no umbral de Gilberto M Teles, espero ler mais dele, éste foi um bom aperitivo.
ResponderEliminar