sábado, 20 de febrero de 2010

Soror Violante do Céu, A uma caveira pintada em um painel que foi retrato

In Ictu Oculi, 1672, por Valdés Leal.

Este que vês de sombras colorido
E invejas deu na Primavera às flores,
Do pincel transformados os primores,
Desengano horroroso é do sentido.

Ídolo foi do engano pretendido,
A que cega ilusão votou louvores,
Estrago já do tempo, e seus rigores,
O que então foi, ao que é já reduzido.

Foi um vão artifício do cuidado,
Foi luz exposta ao combater do vento,
Emprego dos perigos mal guardado;

Foi nácar reduzido ao macilento
Oculto ali nos medos transformado,
Mortalha a gala, a casa monumento.

Sóror Violante do Céu, Orbe Celeste, 1742
(Parafraseando a Sor Juana Inés de la Cruz)

2 comentarios:

  1. Bem, bem, bem, Ignacio - e eu que não conhecia este Sonsonete de Sonetos, estou vindo do Lisarda. Tens muitas faces... palimpsesto!

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  2. Este poema e a obra Orbe Celeste encontram-se atribuídos a Sóror Madalena da Glória. Vide https://archive.org/details/orbecelesteador00glorgoog, na página 264.

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